Presidente da Petrobras nega desmonte da estatal na Bahia

Roberto Castello Branco participou de audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados

The Petrobras logo is seen in front of the company's headquarters in Sao PauloO presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse nesta terça-feira (8) aos deputados da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados que a estatal vai vender ativos na Bahia como parte da estratégia nacional de concentrar esforços na exploração de petróleo, especialmente no pré-sal. Ele disse que a Bahia tem 2.980 poços que respondem apenas por 1% da produção da empresa.

Esse seria um dos motivos para a venda de um prédio em Salvador, a Torre de Pituba, que, segundo Castello Branco, tem 22 andares, mas apenas 5 estariam ocupados pela Petrobras. O prédio foi construído em parceria com o fundo de pensão Petros e a Petrobras se comprometeu a arcar com aluguéis no valor de R$ 850 milhões. Para o presidente da Petrobras, foi um mau negócio:

“É um monumento ao desperdício. A construção desse prédio já foi alvo de investigações e até de prisões. É um verdadeiro templo da corrupção. ”

Já o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que a Petrobras vem sendo vendida aos poucos e que isso tem gerado desemprego e perda de soberania. “A gente vê que essa redução de investimentos provocou desde 2016 até hoje a perda de 2,5 milhões de empregos no Brasil. A Bahia foi informada que 2.500 terceirizados da Petrobras serão demitidos até o final do ano. E 1.500 funcionários efetivos que trabalham na sede, a Torre Pituba, serão transferidos para outros estados. ”

Roberto Castello Branco disse, entretanto, que não há intenção de privatizar a Petrobras. Segundo ele, há o objetivo de vender 8 refinarias e 183 poços situados em terra e em águas rasas, além de fechar escritórios no exterior. Em julho, foi vendido o controle da BR Distribuidora.

 

Maus investimentos

O presidente da Petrobras criticou ainda os investimentos feitos pelos governos do PT, citando a refinaria Abreu e Lima em Pernambuco. “Claramente se jogou dinheiro fora, a refinaria mais cara do mundo. Refinaria Premium 1, refinaria Premium 2. (…) Só a terraplanagem custou U$ 1 bilhão em cada uma dessas iniciativas. ”

A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) disse que os governos anteriores investiram na exploração do pré-sal, elevando o valor da Petrobras de R$ 54 bilhões em 2002 para R$ 210 bilhões em 2016.

Castello Branco lembrou que a empresa tem uma dívida de US$ 101 bilhões, o que é três vezes o faturamento anual. O foco da empresa em setores prioritários, segundo ele, pode aumentar o lucro e aproximar a estatal novamente da melhor classificação de risco, o grau de investimento.

Ele também causou reação de deputados da oposição ao dizer que considera a mineração uma vocação natural da Amazônia.

Em defesa da atual gestão da companhia, o deputado Coronel Armando (PSL-SC) disse que o governo não tem condições fiscais de fazer os investimentos necessários no setor de petróleo e que os trabalhadores da Petrobras eventualmente desligados da empresa devem buscar o empreendedorismo para se recolocar no mercado.

Fonte: Agência Câmara de Notícias