Fake News: Como os jornalistas fingem fazer jornalismo.
Livro de Cristian Derosa.
O artigo The Science of Fake News, publicado na revista Science, em maio de 2018, tenta dar conta do fenômeno que considera uma preocupação e um problema global. Segundo o artigo, de autoria de David Lazer e outros, as notícias falsificadas sempre existiram, mas nos últimos anos as fake news ganharam sua “versão politicamente orientada”. O que os autores querem dizer é que grande parte do conteúdo do que eles chamam de fake news é simplesmente conteúdo conservador ou de direita. Ao que parece, a hegemonia da esquerda em todo o aparato midiático não tolera vozes discordantes e tão logo surjam são imediatamente catalogadas como um problema global a ser resolvido.
Em maio de 2018, pouco antes do início das campanhas para a eleição presidencial, Jair Bolsonaro já aparecia como líder nas pesquisas, impulsionado por multidões organizadas nas redes sociais. À época, o editor-chefe da revista Piauí, Fernando de Barros e Silva, declarou em um podcast, que a postura editorial do jornal Folha de S. Paulo seria a de “tentar pegar Bolsonaro de qualquer jeito, na linha: ‘como posso prejudicar Bolsonaro fingindo fazer jornalismo’”. São palavras dele. O subtítulo deste livro é, portanto, uma homenagem àqueles jornalistas que se perderam pelo caminho, desiludidos com a verdade, com o jornalismo e com a democracia. Este livro é sobre as fake news quando praticadas pela grande mídia.
As redes sociais e a liberdade informativa na internet propiciaram o retorno de uma prática comum nos primeiros jornais: a busca desenfreada por atenção do leitor mediante títulos impactantes que muitas vezes distorcem ou invertem a realidade. E essa é a principal crítica feita pelo establishment midiático à internet. Chamada antigamente de “penny press”, ou jornalismo de centavos, os jornais sensacionalistas buscavam ganhar na venda de cada exemplar a cada cidadão com apelo essencialmente popular. O modelo que veio a seguir foi inaugurado pelo The New York Times, e pretendia vender credibilidade por assinatura. Um modelo de jornalismo responsável e que não precisava vender a capa ao leitor, pois o tinha na lista de assinantes, acabou trocando o patrão popular pelo patrão empresarial e governamental, rendendo-se às grandes agendas funcionalistas da transformação social.
Mas a liberdade na internet está trazendo o fim do modelo de jornalismo por assinatura, dos grandes grupos que demandam credibilidade prévia. A descrença nas empresas de mídia acabou gerando uma reação desesperada por parte dela contra as vozes do homem comum na internet e em todo meio que escape dos filtros midiáticos.
A nova mídia das redes sociais repete em alguma medida as condições daquela problemática, mas libertadora ligação com as vozes populares.