Fake News e Desinformação

Por Nelson Ascher

 

Acompanho o Glenn, com toneladas de discordâncias, desde o começo do século. Seria quase impossível imaginar duas pessoas com posições mais afastadas e inconciliáveis que ele e o Tucker. O que os aproximou foi exatamente o que afastou a esquerda de suas posições tradicionais anti-CIA, anti-FBI e anti-guerras intervencionistas americanas. Sobretudo a dobradinha do assim chamado Estado de Segurança Nacional e a MSM quando se aliaram contra o Trump e inventaram a maior teoria conspiratória das últimas décadas: Russiagate. Greenwald fundou The Intercept financiado pelo bilionário de esquerda Pierre Omydiar, mas acabou rompendo por isto. Enquanto Tucker rompeu com o mainstream republicano. Mas tudo isso é rece​​nte: data de meados da administração Trump. A dissidência do Greenwald foi acompanhada da de outros ótimos jornalistas: Matt Taibbi, que era da Rolling Stone e supervisione agora a divulgação dos arquivos twitter, e o Alex Berenson, responsável pela melhor cobertura crítica da pandemia.

Quanto à questão da desinformação, ela é como da sinceridade/honestidade: só saberíamos de fato de tivéssemos acesso à verdade para cotejo. Como não temos, tudo que nos resta é lidar com modelos hipotéticos de realidade plausíveis, conferir quais peças se encaixam, como, se combinam, se seu conjunto nos dá um modelo melhorado, que permite testar outros fragmentos e fazer algumas previsões ou explicar algumas coisas de formas mais econômicas. E é bom lembrar que, em todo caso, toda informação é concomitantemente desinformação e vice-versa. por exemplo, no momento em que descobrimos que uma informação é falsa, ganhamos um vislumbre do que é que querem nos ocultar, o que querem que pensemos e como eles pensam, assim como o que eles sabem, pensam que sabem, supõem ou ignoram a nosso respeito.

 

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Erik Eastman, via Unsplash