Guerra na Ucrânia e o que Ninguém Informa sobre Ela

O professor Paulo Vinícius tem analisado a guerra, “sempre utilizando um viés que prioriza a geopolítica e História, nos distanciando da abordagem que tem sido dada pela MSM [grande mídia] ao assunto”.

[…] Por isso, compartilho um link https://www.youtube.com/playlist… que remete uma playlist com todo nosso conteúdo, esperando que os amigos e interessados encontrem subsídios para compreender mais sobre os fundamentais eventos geopolíticos que têm na Ucrânia seu epicentro.

Por Maurício Mühlmann Erthal

Esta imagem da topografia da Europa, que encontrei e ilustrei, mostra um dos principais fatores que levaram à invasão da Ucrânia por Putin. A planície completamente aberta a leste da Polônia, de difícil defesa, pesa muito para a geopolítica russa. E Moscou, que também é uma planície, fica muito perto da fronteira. Tomar a Ucrânia assegura a Putin um controle direto sobre praticamente todo o gargalo entre Rússia e Europa. E a adesão da Ucrânia à Otan abriria um flanco direto entre a Europa e a Rússia. Essa é a maior preocupação de Putin. Havia um equilíbrio que fazia com que a Europa não representasse um perigo para a Rússia, inclusive com a compra de gás barato da parte de vários países europeus. Minha ideia é a de que com um governo fraco no comando dos EUA, os grandes analistas americanos especializados em cenários internacionais perderam espaço para os lobbies das armas e do petróleo que, então, promoveram a expansão, por meio da Otan, fazendo justamente aquilo que a Rússia vem avisando por muitos anos que, se continuada, tal expansão enfrentaria uma séria resistência por parte dos russos, inclusive uma ação militar.

Para comprovar o meu ponto, esta perspectiva não é apenas dos russos, mas também de alguns especialistas influentes em política externa americana como o próprio diretor da CIA do governo Biden, William J. Burns, que vem alertando sobre o efeito provocador da expansão da Otan sobre a Rússia desde 1995. Burns era comissário político da embaixada dos EUA em Moscou e informou a Washington que “a hostilidade à expansão inicial da Otan é quase universalmente sentida em todo o espectro político interno aqui”.

Com o corte das comunicações da Rússia para o Ocidente, a visão mais difundida (a narrativa), particularmente nos Estados Unidos, é a de que a Rússia é e sempre foi um estado expansionista, e Vladimir Putin é a personificação dessa ambição russa essencial, a de construir um novo império russo. A visão oposta argumenta que as preocupações de segurança da Rússia são de fato genuínas e que a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para o leste é vista pelos russos como uma verdadeira ameaça e direcionada contra seu país.

Com tudo isso, quem está realmente contente são os dois grandes lobbies americanos. O do petróleo, porque conseguiu fazer com que a Alemanha parasse de comprar gás barato da Rússia e começasse a comprar petróleo caríssimo dos EUA, e o das armas, que está sorrindo de orelha a orelha com os milhares de litros de sangue fresco que estão encharcando os tristes territórios em conflito. Mas afinal de contas, por que somente o lobby das Big Pharmas poderiam continuar faturando trilhões, não é mesmo?

Obs.: E aos ignorantes, cujos cérebros só funcionam bipolarmente, não se trata de gostar mais de Biden ou de Putin, de preferir os Estados Unidos ou a Rússia, e muito menos de escolher entre a democracia americana, mais esculhambada, ou a democracia russa, mais autoritária. Trata-se de tentar entender o cenário complexo de uma geopolítica antiga e repleta dos mais variados interesses para não se tornar um bobo manipulado pela mídia corporativa que recebe dinheiro justamente dos lobbies que tanto lucram com a desgraça de milhões de inocentes.