Negro em maiúsculo – A supremacia negra da Associated Press

O manual de redação da americana Associated Press (Associação de Imprensa) definiu em 20 de junho de 2020 que a palavra black (preto) deve agora ser redigida com a inicial em maiúscula quando se referir a pessoa e não a cor.

A justificativa é de que essa forma é mais “entre outros aspectos, respeitosa e inclusiva” e também que “a mudança transmite o sentido de indentidade, história e comunidade compartilhado por outras pessoas negras”.

Além disso, cita também exemplos de outras palavras que se escrevem em maiúsculo para justificar a mudança, como Latino (Latino), Asian American (Nipo Americano) e Native American (Nativo Americano).

Tratamento diferente foi dado à palavra white (branco) que permanece em minúsculo desde a mesma data sob alegação de que estaria sob revisão por mais um mês. No entanto a 20 de julho de 2020 mantiveram o mesmo parecer.

A justificativa é a de que “brancos não sofrem discriminação por causa da cor da pele” e de que “brancos têm pouca história e cultura compartilhada entre si”, segundo John Daniszewski, Vice-Presidente de padrões de escrita da AP.

O VP compara ainda a escrita em maiúsculo de branco com movimentos supremacistas brancos: “escrever o termo branco em maiúsculo, como feito por supremacistas brancos, corre o risco de sutilmente legitimar tais crenças”.

ANÁLISE

Diga a AP o que disser, é fato que a mudança de estilo vem ao tempo em que movimentos como o Black Lives Matter, Sleep Giants e outros vêm exercendo pressão feroz sobre a sociedade em geral – e a americana em específico -, exigindo mudanças de governança nas empresas, incentivando cancelamentos (boicotes) de empresas e indivíduos, remoção de estátuas e bandeiras de locais públicos e o controle da liberdade de expressão.

O que poderia parecer uma mudança inócua e acolhedora revela o poder tirânico e de ingerência desses movimentos, o caráter cúmplice de muitas organizações com é o caso da AP, e a rendição das pequenas ou grandes empresas que mesmo discordando desses movimentos acabam por ceder para não falir.

Grupos como o The National Association of Black Journalists (Associação Nacional de Jornalistas Negros) que discordam da escolha da AP de privilegiar a escrita em maiúsculo de “negros” em detrimento de “brancos”, nos lembram que não é o politicamente correto com verniz de estudo que deve guiar tais mudanças, mas a necessidade real e a consagração do uso. Se esses requisitos tivessem sido atendidos a própria associação de jornalistas negros teria concordado.

Cumpre lembrar que a correlação feita pelo VP da AP entre supremacistas brancos e grafia é falsa. Não se deixam de usar palavras ou grafias porque algum tirano as usou, antes abolem-se as práticas tiranas, mas mantém-se a grafia e as palavras se forem corretas.

Por fim, definitivamente não é este o tipo de assunto que divida o público, antes são entidades como a AP que tentam dividir o público.